Por Tiberius Drummond
O jornalismo factual é o que
comanda a linha editorial nos diversos meios de comunicação. Tudo o que está
acontecendo agora é o que interessa. O que está fora do contexto do “agora”
está fora do conteúdo a ser transmitido aos leitores, ouvintes e
telespectadores. Daí, deparamos quase sempre com as mesmas notícias. Pergunto-me: jornalismo é só isso? Bem, poderia
ser mais.
Vivenciamos hoje o imediatismo. A
internet foi o meio que mais favoreceu essa prática. Mas ela não pode ser a
culpada pela “homogeneidade noticiosa”. Poucos são os programas ou
veículos que conseguem se estender além do óbvio, além da mesmice do dia a dia.
Carecemos de boas e diferentes pautas!
E quando falamos de ciência,
então? Só se torna notícia quando há um surto de alguma doença ou quando há
ataques bioterroristas, assim como aconteceu na Casa Branca com o caso da
descoberta de uma carta contaminada com ricina, uma substância extraída da
semente da mamona. Será que a ciência só serve para isso no jornalismo?
Temos alguns exemplos de lugares
na TV, por exemplo, que a exploram de maneira instigante. Mas, geralmente, só
passam em canais fechados ou são programas veiculados muito cedo, como o Globo
Ciência. A outra parte (a maior) se dedica à saúde e ao bem estar. Não que seja
ruim. Isso é muito bom. Mas é só isso?
Precisamos de mais espaços para
divulgar esse conhecimento aos jovens. E também aos adultos e aos mais velhos.
Por que não? O fato de alguém ter mais idade não significa que perdeu o
interesse por coisas novas. Há um universo a ser explorado pelo jornalismo
científico. Porém, são escassos os incentivos e a vontade dos jornalistas para
isso.
Há ainda outro problema sério: as
pesquisas produzidas por universidades do exterior possuem mais peso (para os
veículos de comunicação) do que as de instituições nacionais. Carece
também um interesse maior dos repórteres em contextualizar as notícias com
embasamento de cientistas brasileiros. Vamos ouvi-los também!
Outra razão que reparo é a falta
de engajamento dos pesquisadores tupiniquins. Eles permitem que matérias, como,
por exemplo, sobre moscas que bebem álcool sejam mais “ouvidas” do que coisas
mais sérias. A não ser que pesquisadores da USP, da UFRJ, da UFMG, da UERJ,
entre outros, estejam com a cabeça nas nuvens sem ideia alguma (algo que acho
muito difícil). Por isso, ainda acredito que faltam aos nossos cientistas mais
empenho e vontade para divulgar seus estudos (já vi casos de pesquisadores
falarem que estão muito ocupados para atender à imprensa, pois não é esse o
trabalho deles).
A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) é a instituição que mais se destaca, por conta de seus
diversos projetos de sucesso em biotecnologia. Além disso, eles se preocupam em
divulgar seus feitos para todos os veículos de comunicação. No entanto, não
temos só a Embrapa com boas ideias. O brasileiro é criativo, mas muitas vezes é
acomodado. O segredo para reverter tudo isso é disseminar mais e mais o
conhecimento pela imprensa, e não só no meio acadêmico. Devemos fazer da
ciência a nossa verdadeira identidade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário