sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O barulho do bem


Por Rufino Carmona*

Aprendemos, um dia, que somos bem e mal. Não há uma pessoa sequer na face da Terra que não tenha, ao menos, um pensamento ruim por dia. Isso não quer dizer que ela necessariamente irá praticá-lo. Mas, mesmo nas vezes que põe em prática, isso não a torna menos humana do que quem quer que seja.

E como somos bem e mal, uns estão mais inclinados para a seara do bem e outros, para a do mal. Mas nada é absoluto e essas inclinações mudam muito durante a vida, de acordo com cada contexto por que passamos.

Claro que ao vir uma ideia má na cabeça, sempre ou quase sempre, podemos optar por um caminho mais árduo, mais demorado para nos levar geralmente ao mesmo lugar e, o que é melhor, sem culpa no coração. Mas isso já é outra história.

Agora, vou dar um pulinho lá nas nossas instituições e corporações. Pois bem, muito se fala que a polícia é corrupta, que todo político é corrupto etc.

Mas a ideia que vale para o ser humano, vale igualmente para essas instituições. Como a corrupção poderia ser absoluta? Mesmo essas profissões, tão mal vistas pelo povo, deveriam ser mais respeitadas. Não estou defendendo que tapemos o rosto para os maus policiais e para os maus políticos. Mas que procuremos valorizar também os bons. E olha que existem muitos. Só não sei precisar se são a maioria ou se são a minoria.

E sabe por que eu não sei quantificar? Porque o bem não faz alarde de seus feitos. Até porque, quem faz o bem, por livre e espontânea vontade, nem liga para o que o outro pensa e não faz a mínima questão que saiba que pratica o bem. Ele se preocupa é com a correção, com a ética. Apenas isso.

Mas as próprias ações das pessoas do bem são determinantes para construir em torno dela essa áurea que contagia o próximo. Não que ela seja do bem o dia todo. Mas é o bem que prevalece em sua conduta. E o que ainda está regredido, ela busca, sabiamente, melhorar. Mas sem barulho, sem alarde.

Já o mal, meu amigo, esse grita, esbraveja, berra. Ele, o mal, faz proselitismo de seus feitos todos os dias. É por isso que achamos que existe mais mal do que bem nesse mundo.

Mas alto lá! Eu não acredito nessa “balela”. Para mim, mesmo que pareça muito filosófico, existe muito mais bem do que mal na face da Terra.

E um dia, um belo dia, todos terão certeza disso e vão se espelhar nesse bem para fazer as coisas mais simples da vida e, é claro, as mais complexas também, com todo o empenho necessário.

Porque se é para fazer, que façamos sempre o melhor. Menos que o melhor é perda de tempo. E alguém gosta de perder tempo?

*jornalista que procura ser mais bem do que mal, mas que nem sempre consegue.

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