terça-feira, 4 de agosto de 2015

Escola Garriga de Menezes na mídia





Sobre o TDAH: algumas considerações

*Larissa Costa Beber Scherer

As queixas de agitação, irritabilidade e dificuldades de aprendizagem em crianças e adolescentes têm sido cada vez mais freqüentes por parte de pais e professores. Esquecimentos repetitivos, perda dos pertences, desorganização nos pensamentos, dificuldades em permanecer sentados na sala de aula, dispersão, agressividade são alguns comportamentos percebidos no contexto escolar e social.

Paralelo a essas percepções, surge em meio a esse cenário o aumento significativo do diagnóstico de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), uma alteração neurológica frequentemente tratada com o uso de medicação específica. Estudos atuais sobre o tema atribuem esse número alto de casos à necessidade de nomear os comportamentos observados através de uma doença. A explicação para a impulsividade, irritabilidade e desatenção tende a ocorrer de forma a transformar tais comportamentos em um transtorno. Entretanto, a determinação de que tais manifestações ou dificuldades sejam entendidas e explicadas como uma disfunção de origem orgânica, cerebral, pode impedir outras possibilidades de compreensão e intervenção, seja em nível familiar, escolar ou social.

A determinação de diagnósticos de forma apressada, nestes casos, pode gerar a sua banalização. Isso não implica que o diagnóstico não seja útil e necessário. A crítica incide sobre a forma pela qual o processo vem sendo realizado, sem levar em conta fatores psíquicos, sociais e culturais. Deixam de serem consideradas, muitas vezes, as características próprias da infância e alterações comuns em crianças e adolescentes que estão em desenvolvimento. Sabemos que o sujeito se estrutura na relação com o outro e é a partir desses (des)encontros que o pequeno ser vai constituindo sua particular maneira de lidar com as demandas que lhe são endereçadas. É através do brincar que as crianças podem transformar situações difíceis, atribuindo outros sentidos. Por isso a importância de se oferecer espaços e atividades que considerem as especificidades da infância e adolescência, respeitando aspectos próprios de cada faixa etária.

O desenvolvimento psico-social e a aprendizagem dependem de muitos fatores. Se algo não vai bem, diversos aspectos podem estar implicados além do orgânico. Abordar a questão de forma mais ampla considerando todos os fatores envolvidos e estender as discussões sobre a educação de nossas crianças e jovens é uma necessidade para buscarmos avançar na compreensão de fenômenos e comportamentos que encontramos no contexto escolar e social. Cabe aos adultos, pais e professores, refletir sobre as relações, exigências e expectativas depositadas sobre as crianças e jovens no contexto atual, além de buscar classificar comportamentos em doenças.

(*) Psicanalista, Mestre em Educação e Psicóloga educacional da Escola Garriga de Menezes - Fundamental I

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