Por Carlos Pinho
Uma semana. Uma semana de chamas, guerra, pessoas ilhadas em suas casas, com os seus olhares incertos das frestas de suas janelas entreabertas. Outras, nas ruas, à mercê da própria sorte pelo tão suado ganha pão. Somos animais acuados. Uma semana de medo. Um temor, para muitos, mesclado a um alívio e a esperança de um amanhã menos hostil. Para outros, a sensação de que tudo ficará na mesma. E que, no final das contas, quem vai se dar mal – mais uma vez – é o pobre. Se já não fosse demais tudo o que passa.
Uma semana. Uma semana de chamas, guerra, pessoas ilhadas em suas casas, com os seus olhares incertos das frestas de suas janelas entreabertas. Outras, nas ruas, à mercê da própria sorte pelo tão suado ganha pão. Somos animais acuados. Uma semana de medo. Um temor, para muitos, mesclado a um alívio e a esperança de um amanhã menos hostil. Para outros, a sensação de que tudo ficará na mesma. E que, no final das contas, quem vai se dar mal – mais uma vez – é o pobre. Se já não fosse demais tudo o que passa.
Algo tem de ser feito. Deveria ter sido feito há tempos. Nem se deveria ter deixado chegar a esse ponto . Contudo, a repressão, por si só e, para redundar, tão somente, seguirá de um banho de sangue e da recomposição da mão de obra e aparato do narcotráfico. E com a morte de inocentes. O Estado tem de resolver um problema que ele mesmo criou. E todos nós formamos esse Estado. Nas suas devidas instâncias. Em cada micro contexto, existe um elemento estatal. Somos os agentes e os resultados dessa grande fantasia chamada sociedade. Porém, os traçantes, as mortes, o fogo lambendo veículos e o choro da gente sofrida e honesta do Rio não é, em nenhum aspecto, ilusório.
Como começar a alterar um panorama tão adverso de uma lógica perversa? Possibilitando uma vida digna às pessoas: com educação, saúde e paz (a paz com voz) de qualidade para todos. Tirar da margem os que lá sofrem diretamente e eliminar o joio (ou acham que a polícia vai entrar na base do “com licença” , ”por obséquio”,”sejam parcimônios”) , em todos os setores da sociedade. Punir os corruptos em geral: entre os chamados “formadores de opinião”, na política, na polícia, traficantes (os das favelas e dos condomínios de luxo na Zona Sul) e os investidores diretos e indiretos das mazelas da sociedade. Exaurir a criminalidade o menor fogo cruzado possível. Sendo possível, com nenhum .
Aí, novamente, a questão: Como? Asfixiando política e financeiramente o crime. Investigando e penalizando políticos, empresários. Fazendo apreensões. Controlando as fronteiras. Remunerando, equipando e preparando melhor os policiais. Investindo em inteligência. Investindo seriamente em educação. Formando cidadãos. Mostrando que há um jardim a se explorar, para além da terra arrasada. Indicar o caminho e dizer que é possível. É um ideal. Talvez, uma utopia. Mas a complexidade do tema está muito além de frases de efeito, palavras de ordem e imagens de uma guerra campal.
São cem anos de abandono, cinquenta de vista grossa e trinta de conivência. Não serão duas semanas que resolverão tudo. No entanto, se bem aproveitado, e tratado com a seriedade devida (e não como uma plataforma de palanque político, afinal, os olhos do mundo estão mirados ao Brasil por questões óbvias), pode significar o primeiro passo de algo a longo prazo, já que a corrupção e a contradição estão introjetadas em nosso cotidiano. E o entoado “jeitinho brasileiro” é um retrato de nossa cultura .
Que a paz esteja conosco . . .
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