quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aventura gastronômica no restaurante Nomangue


Camarão no Coco do restaurante Nomangue - foto de Daniela Conti
 Por Rodrigo Shampoo

Existem meios eficazes de se combater a rotina, o estresse e a infelicidade, mas não sou nenhum especialista para lhe explicar como. Sou apenas um simples amante da aventura diária, que transforma um dia de rotina em um parque de diversões. Enfim, vou falar de um jantar. Sim, um simples jantar numa noite de terça-feira, pois se fosse à tarde seria um almoço.

Foi numa manhã de terça-feira, como outra qualquer, em que tudo aconteceu. Eu acordei e, de repente, tive um estalo, como aquelas ilustrações de uma lâmpada que se acende na cabeça – mas como a minha vida não é um desenho animado, não teve lâmpada nenhuma – e então eu decidi ligar para a minha namorada e convidá-la para jantar no restaurante Nomangue.

Na ida, o relógio já batia 20h, horário perigoso em se tratando de Rio de Janeiro, mas bola pra frente. Chegamos à Barra da Tijuca e nos deparamos com aquele trânsito básico e a barriga implorando por comida, mas estávamos bem perto do nosso destino.

Ao chegarmos, fomos muito bem atendidos e nossa mesa já estava reservada no salão fechado com um aconchegante ar-condicionado, que cai muito bem nesse verão escaldante carioca. Analisamos o cardápio e fomos logo para a entradinha.

Eu pedi o tradicional pastel de camarão – não resisto à massa crocante, um recheio farto e com camarões. Sim, você leu muito bem, eu disse CAMARÕES (mais de um, eram três para ser sincero). Minha namorada pediu uma casquinha de siri gratinada, acompanha de farofa. Roubei um pedacinho, lógico! Tasquei um limãozinho, mergulhei na farofa e degustei. Delícia!

Isso foi só para começar os trabalhos, o melhor ainda estava por vir: o prato principal. Novamente com o cardápio na mão pensei em aproveitar a moqueca, pois sou um admirador, um amante, quase um viciado no prato baiano (que me perdoem os capixabas, mas a moqueca tem que ter leite de coco e azeite de dendê). Já experimentei todas do cardápio do Nomangue: peixe, siri, camarão, frutos do mar e lagostinha. Eu sou daqueles que raspam a panela e lambem os beiços no final. Mas, dessa vez, resolvi arriscar e dividir um prato diferente (ou seria um coco) com minha namorada e ela topou.

Como assessor de imprensa da casa, eu vejo quase que diariamente as fotos desse prato. Depois de babar tantas vezes, veicular matérias na midia e trabalhar com a receita, resolvi finalmente experimentar o exuberante camarão no coco. Quando chegou à mesa, o cheiro era inebriante, uma pausa para contemplar a vítima de meu apetite. O camarão era servido numa das metades do coco verde com catupiry gratinado, por baixo da massa do catupiry, mais do crustáceo, dessa vez ele vinha embebido em um molho com leite de coco, um leve toque de pimenta dedo de moça e manteiga. Na outra banda da fruta, vinha arroz com amêndoas que trazia um tom amarelado em decorrência do seu preparo com manteiga de garrafa. Para acompanhar, uma deliciosa farofa de dendê.

A cada garfada era um gemido, a vontade era de copiar a Ana Maria Braga e passar por debaixo da mesa, mas eu não queria abandonar aquele prato (ou seria coco?), não até que ele chegasse ao fim. Não dei chances à refeição, ela foi devorada e raspada impiedosamente, não perdoei nem o coco. Terminei saciado, pois a fartura é marca registrada do restaurante. Mas ainda cabia a sobremesa, é claro! Empanturrado como um cachorrinho que mama até inchar, eu consegui um pequeno espaço para a sobremesa, mas nada de brownie nem de palha italiana, apelei para o sorvete de chocolate, pois o meu estômago pedia arrego.

Por fim, bateu aquela sonolência que afeta 10 entre 10 brasileiros que comem bem, e eu, um simples mortal, fui atingido de forma certeira. Voltei para casa e dormi feito um anjinho, pois tinha que acordar cedo, na quarta, para uma seção de fotografias no restaurante Skinna, o prato da vez era um linguado ao molho de palmito com purê de batata gratino. Tudo bem, eu deixo você morrer de inveja!

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