quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os dois lados de João Gilberto


Um lado, por Rufino Carmona

Pode ser um defeito. Talvez um grande defeito. Mas eu não consigo ser politicamente correto. Adoro Bossa Nova. Tenho muito orgulho desse ritmo tão brasileiro. Mas, com toda sinceridade, o Pai da Bossa Nova podia ser qualquer pessoa, contanto que não fosse João Gilberto. Ele é ranzinza, chato, inconveniente, uma verdadeira "mala" e daquelas pesadíssimas. Sem alça. Mas fazer o quê? Por curtir tanto esse ritmo, por ter tantas recordações ligadas à Bossa Nova, sou obrigado a prestar minha homenagem aos 80 anos de João Gilberto. Achou uma heresia esse meu comentário? Não liga não! Talvez eu seja tão chato quanto ele.

Convido você então a ler o comentário do meu colega, Rodrigo Shampoo, que certamente tem uma opinião diametralmente oposta à minha e com muito mais conhecimento de causa. Nem sei porque eu escrevi essas pérolas acima. Deve ter sido para encher o seu saco. Leia o Shampoo, por favor!


O outro lado, por Rodrigo Shampoo

A música é como um rio em movimento. As mudanças são constantes. Não são para melhor nem para pior. São apenas adaptações ao tempo e à sociedade. E foi num desses movimentos que nasceu a Bossa Nova. E por se adequar a tantos outros movimentos que surgiram posteriormente, ela foi se reinventando em cada época e permanece viva, até hoje, na alma brasileira. É como se ainda vivêssemos no final dos anos 50.

Tudo começou em um bar no Centro do Rio de Janeiro. Ali, se conheceram Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. Mais tarde, entraria um outro personagem nessa história: Tom Jobim foi apresentado a um baiano “arretado”, que tirava um som singular do seu violão. O dedilhar do jovem nas cordas era leve, rápido e muito talentoso. Nascia assim um jeito diferente de tocar violão, um movimento que unia toda a cadência do samba com o charme do jazz. O tal baiano que se juntou à trupe era nada menos que João Gilberto.

E foi exatamente no ano de 1958 que João Gilberto, Vinícius de Moraes e Tom Jobim deram asas ao movimento musical que marcou toda uma geração. Verdadeiros gênios da música popular brasileira surgiram a partir da nossa bossa: Luiz Bonfá, Carlos Lyra, Nara Leão, Elis Regina, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Edu Lobo, Francis Hime e tantos outros.

Mas tudo começou com o violão de João Gilberto, o Pai da Bossa. E agora que ele comemora 80 anos, só temos a agradecê-lo pela vida dedicada totalmente à música. 

Salve João Gilberto! Salve a Bossa Nova! 

Um comentário:

Rodrigo Shampoo disse...

Esse Rodrigo Shampoo escreve muito bem. É um gênio!