quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cheque especial


Por Rufino Carmona

Vou começar hoje a falar sobre alguns nomes conhecidos do nosso dia a dia financeiro, mas que ainda nos causam muita dor de cabeça. Como estreia, o cheque especial. Vou fazer uma pergunta a você que pode parecer meio estranha, mas que é muito importante ser respondida: “você sabia que não é obrigado, por nenhuma lei, a ter um limite ou um cheque especial em sua conta corrente?”.

Não sei qual foi a sua resposta, mas tenho algo a dizer sobre isso. Na maioria das vezes, apenas por ter um limite financeiro de que pode dispor, a qualquer momento, você paga uma taxa mensal ao banco. Ou seja, se você nunca usou e nunca pretende usar para quê continuar tendo?

Mas tem uma questão que acho bem mais importante que essa que citei acima. Fico indignado ao ver os bancos concederem aleatoriamente limites de crédito a aposentados e a pessoas que recebem somente seu salário através de contas corrente, por exemplo, sem nenhuma orientação. Gente: ter um limite disponível para uma emergência é muito bom, mas você precisa saber usar. Muitos, por desconhecimento, usam esse dinheiro como se fosse de sua propriedade.

Olha, eu já vi casos estarrecedores de pessoas que estavam endividadas até não poderem mais simplesmente porque não sabiam que esse dinheiro não era delas e usava tudo, todos os meses. O último caso que soube foi há dois dias. Um amigo meu me disse que o pai tinha R$ 3 mil de especial na conta salário e que havia gasto todo o dinheiro. Já havia um ano que, todos os meses, ao entrar o salário na conta, quase metade ia embora só para pagar os juros e repor parte do especial.

Ao saber da história, eu o recomendei que, se fosse possível, quitasse essa dívida, ou seja, repusesse esses R$ 3 mil e retirasse o cheque especial da conta do pai. Ele me contou então que possuía uma reserva em poupança. O problema foi então resolvido rapidamente. Orientei a ele que retirasse o dinheiro, cobrisse a conta do pai e retirasse, todo mês, R$ 300 do salário dele até chegar aos R$ 3mil, já que os juros da poupança que ele recebia eram muitíssimo inferiores ao juros que o pai pagava no especial. Mas fui categórico: de nada vai adiantar você fazer isso, senão for ao banco e retirar esse benefício da conta salário dele. E isso vai ser feito.

Fiquei feliz de ter ajudado a esse meu amigo. Mas se ele não tivesse o dinheiro na poupança seria mais complicado. Mesmo assim, ainda poderia renegociar a dívida com o banco, pagar em algumas prestações e retirar o especial da mesma forma. Seria mais dispendioso, porque os juros que o banco cobraria seriam bem maiores do que o juro zero que ele vai cobrar do pai. Mas, pelo menos, acabaria essa ciranda nada engraçada.

Se você tem cheque especial e não sabe usar ou se você conhece alguém nessa mesma situação do pai desse meu amigo, conversa com a pessoa sobre a possibilidade de renegociar a dívida e retirar o limite da conta. Só quem ganha, num caso como esse, é o banco.

Ter crédito, gente, é muito bom. Mas é preciso saber usar.  

Nenhum comentário: